Esses bairros não têm rede de esgoto e usam fossa como recurso. Por isso, compõem o percentual de 12% de áreas de Campinas que não possuem tratamento de esgoto, segundo dados da Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa).
Diante dessa situação, lideranças desses bairros iniciaram uma mobilização para tentar derrubar o Plano Comunitário de Pavimentação (PCP) em vigor na cidade. Nesse programa, para que um bairro seja asfaltado, é preciso que pelo menos 70% dos moradores paguem pela obra. O processo ocorre, primeiramente, a partir de uma iniciativa da população, que protocola documento na Prefeitura demonstrando a adesão. A partir daí, é aberta licitação para contratação da empresa que executará a obra. A empreiteira fica responsável por confirmar se a adesão permanece.
A discussão iniciada na semana passada em audiência da Câmara dos Vereadores — e que contou mais de 200 pessoas — sugere que o asfalto seja feito 100% pela Prefeitura devido à dificuldade de adesão ao programa, principalmente em comunidades mais pobres. O valor do investimento do PCP pode chegar a R$ 6 mil para cada família, dependendo do tamanho do imóvel.
É nessa dificuldade que esbarra o Jardim Centenário, na região Sudeste de Campinas. O bairro existe há mais de 50 anos e ainda não tem asfalto e rede de esgoto. Segundo o presidente da associação de moradores, Valdinei Santos Durãeis, de 51 anos, a comunidade não consegue adesão ao PCP. “A única saída é o asfalto gratuito. Assim não dá para continuar. Tem gente que anda mais de 20 minutos para pegar ônibus, porque transporte é só na rua principal.”
A Prefeitura de Campinas não possui levantamento de quantos bairros hoje não possuem esse tipo de infraestrutura. A Companhia Habitacional (Cohab) informou apenas que 275 áreas (ocupações e loteamentos) estão em processo de regularização e que são ocupadas por cerca de 270 mil pessoas. Contudo, informou que parte dessas áreas foram asfaltadas por iniciativa dos próprios moradores.
Segundo o vereador Jairson Canário (PT), que iniciou o debate, a proposta é elaborar um projeto de lei que mude o atual plano. Ele avalia que essa é a melhor saída para que o problema de falta de pavimentação tenha solução em Campinas. A expectativa é protocolar o projeto de lei na Câmara ainda este ano. Porém, a Prefeitura já sinaliza que a desfavorável situação financeira da cidade deverá ser o principal entrave para a inicativa. “A gente sabe que a Prefeitura não tem dinheiro para isso, mas temos de buscar recurso do governo federal, a fundo perdido, emenda parlamentar. Precisamos avançar nessa discussão”, disse o vereador.
Canário usa como argumento mudança semelhante feita em Hortolândia, onde o asfalto foi uma das bandeiras de campanha do prefeito Angelo Perugini (PT). Desde 2005, a Prefeitura asfaltou 87,4 quilômetros sem custo ao morador. As vias pavimentadas passaram de 70% para 93%. Porém, a proposta sofreu embate político, jurídico, além de orçamentário.
Fonte: www.rac.com.br
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