quarta-feira, 23 de março de 2011

Unesp também investiga curso de cadáveres

Sindicância da universidade vai apurar cursos não autorizados de tanatopraxia em cemitério de Campinas


Vereadores de Campinas também investigam irregularidades

A Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) abriu uma sindicância para investigar detalhes do curso de tanatopraxia (técnica de conservação de cadáveres) realizado com frequência no necrotério do Cemitério Nossa Senhora da Conceição, nos Amarais, em Campinas. As aulas vendidas como extensão universitária, que tiveram a sua edição mais recente em fevereiro, são organizadas e ministradas pelos professores doutores Oisenyl Tâmega, aposentado da instituição, e Progresso José Garcia, afastado da universidade por motivos de saúde desde o ano passado.

Os dois, que poderão ser ouvidos ainda nesta quarta-feira, estão ligados ao Departamento de Anatomia do Instituo de Biociências da Unesp, sediado em Botucatu (SP), que iniciou um levantamento de informações já no último dia 4, logo após a publicação da primeira reportagem exclusiva do Correio sobre o caso. Um procurador da Unesp ainda está em Campinas para acompanhar de perto os trabalhos de outra sindicância interna, a da Serviços Técnicos Gerais (Setec).

A assessoria de imprensa da universidade informa ainda que está sendo apurada a legalidade dos cursos realizados em Campinas e dos certificados emitidos aos alunos. A Unesp reconhece o curso de tanatopraxia, mas aponta que tinha autorizado oficialmente apenas duas edições dele por ano. A reportagem descobriu que, apenas em 2010, foram anunciados pelo menos oito datas diferentes nos Amarais.

“A Unesp tem um curso de extensão universitária (tanatopraxia) que, segundo está sendo apurado, era realizado duas vezes por ano. A instituição desconhece a existência desse curso de extensão fora da sua programação”, afirma a assessoria. “Se houver provas (de qualquer irregularidade no caso), os professores receberão sanções de acordo com o estatuto e o regimento interno da universidade”, acrescenta a resposta oficial encaminhada por e-mail.

Procurados pela reportagem, tanto Tâmega quanto Garcia não quiseram dar declarações. Em um primeiro contato, há pouco mais de 20 dias, os dois afirmaram que não tinham conhecimento de qualquer irregularidade nos cursos realizados nos Amarais
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