quarta-feira, 18 de maio de 2011

CPI da Setec: Diretor da Sanasa admite que sangue vai para esgoto, mas não vê problema

O diretor de operações da Sanasa, Renato Rosseto admitiu nesta terça-feira (16/05), na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara Municipal de Campinas para apurar irregularidades em procedimentos no serviço funerário da Setec, que o sangue de cadáveres usados em cursos de tanatopraxia (técnica de conservação de corpos) é escoado para a rede de esgoto, sem que haja qualquer tipo de tratamento prévio. Apesar disso, ele diz que o procedimento não pode ser considerado irregular porque o material é tratado pelo sistema.

“O sangue é material orgânico e, assim como todo o esgoto despejado na rede, recebe o devido tratamento biológico. Na sua fase final, por exemplo, o material é submetido a produtos desinfectantes, como o hipoclorito de sódio, que garantem a desinfecção”, afirma ele. “Não vejo problema algum nisso (despejo do sangue na rede coletora). Os laudos que enviamos regularmente à Cesteb atestam que nunca tivemos nenhum tipo de problema com isso”, acrescentou ele que falou à CPI na condição de convidado.

O diretor garantiu ainda que não há risco de o sangue contaminar a água consumida na cidade. “O sistema implantado em Campinas atende plenamente a legislação estadual e os parâmetros científicos adotados e aceitos pelos órgãos reguladores”, afirma ele. Rosseto afirmou ainda que o sistema absorve e trata produtos químicos – como formol - que eventualmente são usados na preparação de cadáveres e que também poderiam ser despejados na rede de esgoto.

Renato Rosseto disse que não poderia garantir, mas acredita que tecidos humanos não tenham sido despejados pela Setec na rede de esgoto. “Se houvesse algo parecido com isso, certamente o sistema identificaria. A rede tem mecanismos de retenção e o problema seria diagnosticado. Mas pelo que a gente sabe, não há histórico a esse respeito”, afirmou. O diretor reconheceu que a Sanasa não faz a fiscalização do sistema implantado na Setec.

CETESB – O engenheiro da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) Luiz Eduardo de Souza, que também foi convidado para falar na comissão, afirmou que não cabe ao órgão estadual vistoriar necrotérios.

“A Cetesb está iniciando um trabalho de avaliação dos cemitérios em todo o Estado, para ver, por exemplo, se há algum controle sobre a contaminação de água subterrâneas. O estudo, no entanto, mas não vai tratar de atividades correlatas, como os necrotérios, por exemplo. A fiscalização desse tipo de atividade cabe à Vigilância Sanitária”, afirmou ele. A CPI decidiu que vai convocar um representante da Vigilância Sanitária para falar sobre o assunto.

CONVOCAÇÃO - O presidente da CPI, vereador Petterson Prado (PPS) informou que acionou nesta terça-feira as autoridades judiciais da comarca de Botucatu na qual pede a presença de quatro convocados.

Na tarde de segunda-feira (16/05), deveriam depor na CPI o professor da Unesp, Renato Eugênio da Silva Diniz; das proprietárias da empresa Tanatus, Maria Saye Tamega e Noemia Rivas Alves Garcia e da diretora da CTAF, Dulce Cristina Nascimento, mas não compareceram. Os quatro já haviam sido convocados para depor no dia 26 de abril, mas também não haviam comparecido.

CONVIDADO – O próximo depoimento da CPI está previsto para o dia 30 de maio, quando os vereadores vão ouvir na condição de convidada, a presidente do Banco de Olhos de Campinas, Maria Letícia de Barros e Gonçalves.

Texto e Foto: Assessoria de Imprensa da Câmara Municipal de Campinas.

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